terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Vou-me Embora pra Pasárgada": variações sobre um mesmo poema

Lição de Casa - TP 1

Conforme o prometido, os professores Cursistas aplicaram a atividade, que trabalhamos na Oficina do TP 1, com seus alunos do 6º ao 9º Ano. O resultado, como vocês poderão conferir daqui a pouco, tem sido "plural" e democrático. Da criatividade de "Vou-me embora pra Lan house", texto autobriográfico, à seriedade de "Vou-me embora pra Igreja" - "olhe (diz a autora) eu vou ler o texto, mas não é para rir não", "e os colegas a respeitaram!", afirma a professora. - passando pela crítica-literária-cabra-da-peste (!): "Mas o que mais me chamou atenção foi a história de assubir num pau-de-sebo. E lá na sua terra essa história eu acho que pega mal. Ele ficou com essa fama lá: pega-pau”, houve espaço para todos se expressarem.
E o momento de socialização das experiências, como sempre, é divertidíssimo. Quanto às dificuldades, nessa atividade especificamente, se houve, não foram relatadas. Resta-nos agora conferir mais um Avançando na prática. Boa leitura!

ESCOLA CORONEL JOSÉ DOMINGOS (OLINDA-PE)
Profª Cursista: June Travassos
Texto I
Vou-me embora pra Lan House
Lá estão meus amigos
Lá tem o jogo que eu quero
No computador que eu escolhi
Vou-me embora pra Lan House

Vou-me embora pra Lan House
Lá me sinto feliz
Lá o jogo é uma aventura
De um modo incomparável

Esse jogo é viciante
Vendi até minha bicicleta
Para poder jogar
Levei uma pisa do meu pai
Minha mãe não parava de reclamar
Nem por causa disso parei de jogar
Vou-me embora pra Lan House

Na Lan House tem quase tudo
Lá tem promoção
Bota 2 horas e ganha 1 hora
Lá só não é seguro
De impedir os ladrões

Quanto eu estou sem fazer nada
Bate logo aquele vício
Uma vontade de ir jogar
Lá estão meus amigos
Lá tem o jogo que quero
No computador que escolhi
Vou-me embora pra Lan House

Alunos: Arlindo, Jonatan, Manoel (8ª B/ 9º Ano)

Texto II
Vou-me embora pra o shopping
Vou-me embora pra o shopping
Lá com todos falarei
Lá tenho a roupa que quero
Na loja que escolherei
Vou-me embora pra o shopping

Vou-me embora pra o shopping
Aqui sou infeliz
Lá no shopping é uma loucura
Do jeito que sempre quis
Que menina louca que parece ma donzela
Ela é tão besta que ninguém quis ela
Como subirei na escada
Andarei de elevador
Fui pra loja da Bali,
Comprei roupa e o cartão estourou
Andei até cansar e perdi meu celular
Meu “boyzinho” ficou com vergonha
E eu comecei a chorar

Vou-me embora pra o shopping
Lá tem gente sem razão
Lá tem gente insegura
E com o coração na mão
Tem loja pra todo lado
Tem sorvete de montão

Quando eu estiver triste
Vou pro shopping me alegrar
A galera me oferece a “base”
E eu começo a cheirar
Fico pagando “brexa”
E começo a vomitar

Tá ligada, minha irmã
Que a ideia é uma só?
Paguei “brexa” aqui na frente
E vou tirar minha “meló”
Alunas: Ana Carolina, Ingrid, Rauanny, Jennifer (8ª A/ 9º Ano)

Texto III
Vou-me embora pra Igreja
Lá é o meu lugar
Ficarei perto do rei
Que foi morto e vivo estar
Sentarei no banco pra ouvir o pastor pregar
Para Deus eu cantarei
Vou-me embora pra Igreja

Vou-me embora pra Igreja
No mundo não sou feliz
Ficara perto de Deus é uma aventura
Pregar as boas novas a todas as criaturas
Vou ficar perto do Senhor
Pra “mim” esmagar a cabeça da serpente
Que é falsa e demente
Vem a ser seu parente, o diabo feio e “indeliquente”
Vou-me embora pra Igreja

Falarei sua vontade
Andarei na sua presença
Cearei com ele
Comerei do seu corpo
Tomarei do seu sangue
E quando me sentir cansada
Ele vos-me aliviará

Vou-me embora pra Igreja
Vou pro lugar eterno
Junto com meu Pai morar
Vou-me embora pra nunca mais voltar
Vou andar em ruas de ouro
Vida eterna vou gozar

Vou-me embora pra Igreja
Lá é o meu lugar
Para quando Jesus voltar
Arrebatará a sua Igreja
Para com Ele morar
Vou-me embora pra Igreja
Aluna: Adrielle Silva (8ªB/ 9º Ano)

Vou-me embora passear
Nas ruas não conheço ninguém
Mas lá tem sempre alguma coisa que quero
Alguma coisa que escolherei.

Vou-me embora passear
Andando me sinto feliz
Nos “cantos” conheço as culturas
De maneiras diferentes
Que pessoas loucas e estranhas
Poderia fazer diferente
Que traz a curiosidade da gente
De coisas que nunca vi

E nunca farei uma plástica
Um dia brinquei de boneca
Gosto de um papo danado
Meu cabelo já foi vermelho
Gosto muito de cantar
Passo o dia escutando rádio
Ou penteado meu “bombril”
Só quero comer biscoito com água
Meu pai reclama que só a pinóia
Fala que no tempo dele menino
Biscoito não existia lá
Vou-me embora passear

Onde eu moro não tem tudo
O povo tem outra imaginação
Não é um lugar seguro
De impedir a entrada dos ladrões
De policiamento não vejo rastros
A violência fica à vontade
Só iremos ter paz em nossas vidas
Se um dia isso tudo se acabar

Às vezes fico muito triste
Porque sei que não tem jeito
Quanto mais tristeza me der
Mais me dá vontade de chorar
Vou-me embora passear
Alunas: Nayara Páscoa, Marília, Sumaya (8ª B/ 9º Ano)

ESCOLA IZAULINA DE CASTRO E SILVA (OLINDA-PE)
Profª Cursista: Lucinda Maria Trindade

Texto I
Vou-me embora para Pasárgada
Lá em Pasárgada tem tudo
Tem hospital perto
Lá tem gente honesta
Vou-me embora para Pasárgada
Vou-me embora para Pasárgada
Aqui eu sou feliz
Lá tem paisagem natural
Lá tem muita festa
Lá em Pasárgada é ótimo

Em Pasárgada é uma cidade ótima
Não tem assaltos
Não tem mortos
Lá também tem muita aventura
Lá tem ótimas escolas
Vou-me embora para Pasárgada

Aluna: Júlia Roberth (7ª A/ 8º Ano)

Texto II
Vou-me embora para o céu
Lá serei amigo do Rei dos reis

Vou-me embora para o céu
Lá serei feliz ao lado do amigo Mestre Jesus.

Vou-me embora para o céu
Lá terei um futuro bom
Todo mundo é amigo

Vou-me embora para o céu
Lá ninguém tem preconceito
E sei que lá todo mundo vive feliz.
Aluna: Jéssica Cristina (7ª B/ 8º Ano)

ESCOLA MONSENHOR FABRÍCIO (OLINDA-PE)
Profª Cursista: Andrea Araújo
Texto I
Lendo o texto de Manuel Bandeira percebe-se que lá em Pasárgada ele pode fazer muitas coisas como ter a mulher que ele quer na cama que escolher, e que lá ele é feliz e a vida é uma aventura.
Na sua imaginação ele tem mais liberdade em Pasárgada, faz ginástica, anda de bicicleta, monta em um burro, sobe no pau-de-sebo e desde quando ele era menino que Rosa lhe contava. E quando ele estiver bem triste a ponto de se matar ele vai embora pra Pasárgada.
Aluna: Pollyanne (6ª B/ 7º Ano)

Texto II
Eu entendi que esse homem é muito louco, não sei se ele bebeu cachaça ou é drogado. Eu acho que ele é muito “aventurante”. Lá na sua terra eu acho que ele forte porque ele faz ginástica e amonta num burro brabo aí já quer demais ele levar um coice, “dá certinho”!
Mas o que mais me chamou atenção foi a história de assubir num pau-de-sebo. E lá na sua terra essa história eu acho que pega mal.
Ele ficou com essa fama lá: pega-pau.”

Aluno: Denis Rodriguês (5ªB/ 6º Ano)

Texto III
Eu entendi que o autor do texto Manuel Bandeira, queria que existisse um mundo sobre o qual ele escreveu no seu texto, acho, como ele é pernambucano é muito pensativo e pensa alto, acho que ele deveria estar pensativo quando escreveu o texto. Agora, sobre suas palavras, são lindas e são de pessoas que gostariam que o mundo fosse um paraíso.
Acho que tudo foi um sonho literário, sonho de escritor que sonha com coisas inexistentes. Ele queria dizer que onde ele vivia não era bom, mas só que em Pasárgada era bom, tinha tudo que ele queria em Pasárgada ele iria satisfazer os seu desejos de namorar com mulheres bonitas. Acho que ele queria que existisse um mundo só dele onde todos os seus sonhos seriam realizados, lá ele seria como se fosse um rei, ele imaginava que poderia fazer tudo em Pasárgada!
Aluna: Islayne Kelly (6ªB / 7º Ano)

Um comentário:

  1. Ótimas releituras do poema de Bandeira! Trabalhei com meus alunos de ensino médio o mesmo tipo de atividade, porém contextualizando a intertextualidade criada pela paráfrase. Saíram textos maravilhosos!

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